O Escher entrou na nossa sala e nós saímos para a rua...
Um dia a L. para explicar uma brincadeira disse:
"Eu fazia festinhas na cara ao M. e ele fazia a mim, eu fazia a ele e ele fazia a mim, era um padrão"
E com esta conversa os padrões entraram na nossa sala e com eles, o artista plástico Escher. Observámos dois quadros do artista e descobrimos os padrões:
- peixes e cisnes pretos e brancos
- do maior para o menor
- uns vão para um lado, outros para o outro lado
- os peixes estão tristes e os cisnes formam um oito deitado
Também conversámos sobre "como é que o Escher pintou estes quadros, que materiais usou, o que sentiu?" (até porque os peixes estão tristes) mas essa conversa fica para depois.
Por agora o que vos queremos mostrar é como é que explorámos o conceito de padrão, os materiais que usamos e tudo o mais que aconteceu desde que os padrões e o Escher entraram na nossa sala.
Este foi um projeto vivido por todo o grupo e realizado em conjunto com a nossa sala par dentro de um projeto maior "Crescer e brincar ao ar livre" que acontece na nossa instituição (com a intervenção das formadoras Leonor e Vanda) desde o ano passado.
A proposta foi sair da sala, estender o nosso trabalho para o exterior e com materiais naturais e peças soltas inventar padrões. Iniciámos a nossa manhã juntos - malmequeres e tulipas - na relva a observar, mais uma vez as obras do Escher.
De seguida, nós ficámos no exterior e as tulipas entraram. Formámos pares para trabalhar, fomos escolher um sitio na relva para realizar o nosso trabalho e escolher os materiais que queríamos para a nossa produção.
À medida que terminávamos o trabalho tínhamos outra atividade para fazer, uma novidade naquele espaço, criada pelos adultos para proporcionar ainda mais momentos de exploração e descoberta no exterior - um tear gigante - onde nós iriamos tecer com tiras de tecido e elementos da natureza (todos estes elementos resultaram de podas ou recolha na nossa horta ou quintais)
De seguida fomos nós para a sala e foram as Tulipas explorar os padrões, o Escher e o tear. No final da manhã, juntámo-nos a elas para uma partilha dos trabalhos, fizemos uma roda à volta do espaço que apelidámos de "moldura humana" e batemos palmas a todas as obras conseguidas naquela manhã.
Na manhã seguinte, no mesmo espaço e os mesmos pares explorámos mais uma vez os materiais mas com uma proposta diferente:
- Fazer primeiro a moldura (com os materiais à escolha de cada par) e depois construir a obra que quisessem dentro.
Esta nova proposta derivou da reflexão realizada pós-atividade por mim, a minha colega e a Vanda (formadora que nos acompanha nesta caminhada). As dinâmicas utilizadas por cada uma foram diferentes e os resultados também, pelo que decidi experimentar.
No 1º dia, à tarde, todos juntos, malmequeres e tulipas conversámos sobre os trabalhos que tínhamos feito, sobre o Escher e sobre Arte.
O que é a Arte? foi a pergunta lançada a todos. Aqui ficam algumas respostas:
- A Arte é uma coisa bonita.
- É uma coisa que temos que fazer com muita imaginação.
- A Arte é inspiração, são os pintores que pintam nas paredes ou nos quadros.
- Arte são padrões.
- O barro também é arte.
- A arte não é só pintura.
- A arte também é fazer desenhos.
Então, o Escher é um artista, e vocês, também são artistas?
- Sim (foi a resposta geral)
E o que vocês fizeram aqui, é arte?
- Sim (a resposta foi quase geral)
- Não (disse uma criança)
Porquê?
- Porque tem coisas da natureza.
Depois desta resposta combinámos e escrevemos no nosso Diário que íamos descobrir se existe algum artista que utilize elementos da natureza nas suas obras.