Voltámos à escola!!!! E vamos continuar a contar o que fazemos nesta nossa nova realidade reinventada todos os dias!

sábado, 20 de novembro de 2021

 E o ano continua...

No inicio do ano colocamos junto de cada área um cartão que a identifica. Duas crianças de cada vez, uma "crescida" e uma "nova" (as crianças que entraram este ano para o grupo) vão de área em área pôr o cartão. 

Este cartão, por exemplo, é da área da biblioteca. No nosso mapa de atividades a imagem que identifica a biblioteca é igual a esta para que as crianças façam a ligação entre a atividade ou área que escolhem e a imagem no mapa. Também é importante que as imagens sejam claras e legíveis por todas as crianças. Quando optamos por desenhos feitos pelas crianças, temos que ter a certeza que são percetíveis para todos do que se quer transmitir.
Outro aspeto importante, no inicio do ano, é a realização dos inventários.


Deste modo, uns relembram o que temos e o que podemos fazer e quem entra de novo fica a saber. Um dos momentos privilegiados para falarmos dos materiais que temos são as comunicações. Quando alguem está a mostrar um trabalho - desenho, pintura, colagem, construção, etc... perguntamos que materiais utilizou e pedimos para ir buscar à área onde executou a produção. E assim vamos conhecendo e reconhecendo os materiais que temos sempre à disposição de todos na nossa sala.

Um dos nossos primeiros trabalhos deste ano teve inicio o ano passado. Na área das ciências colocámos um recipiente (um garrafão de água cortado ao comprido) com terra e combinámos que quando a fruta fosse laranja ou tangerina iriamos colocar os caroços na terra para ver o que acontecia. E aconteceu...

Os recipientes ficaram cheios de plantas (não percebo como, mas não tenho nenhuma foto do resultado final😒)
Este ano combinamos que, cada um iria pintar um vaso de barro e levar para casa uma planta (laranjeira ou tangerineira) e tratar dela. Deu para 25 vasos e ainda sobraram algumas.





Começaram por fazer o projeto do que queriam pintar no vaso e em seguida pintaram.


Na sala

 Na rua
Enquanto uns pintavam, outros com a ajuda da Marília (a nossa auxiliar de ação educativa) punham a terra no vaso e a planta e outros exploravam outras brincadeiras no exterior.







No final todos levaram o vaso para casa com o compromisso de tratar da planta, regar para que cresça. Esperamos por noticias.


No final do ano passado a minha instituição "O Botãozinho" começou a abrir as portas de novo a atividades vindas do exterior como teatros. Este ano iniciamos o ano com uma atividade dinamizada pela associação "A Par" que se chama "Contos e contas" e que junta histórias com conceitos matemáticos.

Na sala, no tempo de interlocução coletiva (antes chamado de tempo comparticipado de conceitos) falámos nas figuras geométricas e nas características de cada uma delas. Porque é que um quadrado é um quadrado? E por ai adiante.
De seguida centrámos a nossa atenção no circulo e num objeto circular que temos na sala e que faz parte da caixa das "peças soltas" mas que pode ser utilizado também para outras explorações, como a que fizemos.

Com este circulo fizemos desenhos que, alguns, no final pareciam mandalas










Estas produções não estão acabadas, sempre que queremos, vamos buscá-las à prateleira dos trabalhos para acabar e pintamos mais um bocadinho

Neste dia, quando o resto do grupo (as crianças que dormem) se juntaram a nós, voltámos a falar da matemática e da atividade que vivenciamos de manhã "Contos e contas" e todos juntos fizemos, com o nosso corpo, as 4 figuras geométricas. Todos os momentos são potenciais para o raciocínio e desta vez o desafio era, por exemplo "Que crianças escolher para fazermos o quadrado?" Primeiro tivemos que dar atenção às alturas pois, devido às características do mesmo, tinham que ter todos a mesma altura. 




Para finalizar, quero partilhar convosco o pequeno texto que escrevi para uma apresentação no âmbito da plataforma "Educar melhor em Cascais" que reúne algumas das instituições e pessoal docente de Cascais. Durante 2 anos fiz parte de um grupo de partilha de  práticas, com educadoras e a nossa orientadora Ana Azevedo. O ano passado foi decidido  realizar uma brochura onde apresentássemos este trabalho de 2 anos e este evento aconteceu para fazermos a apresentação da brochura "Práticas de Qualidade em Educação de Infância"


Grupo de partilhas de práticas

Sou a Paula Cunha, educadora numa IPSS, o Botãozinho e trabalho no pré-escolar com crianças de 3, 4 e 5 anos.

Nestes 5 minutos que me deram quero fazer o que fiz nestes 2 anos de participação neste grupo – Partilhar. E o que vou partilhar está relacionado com as reflexões que fomos fazendo e com aquilo que vamos acrescentando a nós próprios, ao nosso conhecimento. E só conseguimos acrescentar quando é alguma coisa significativa. Nós ouvimos muita coisa, lemos outro tanto e não conseguimos (nem é suposto) assimilar tudo. Então aquilo que fica, no final, é mesmo o mais importante e é isso que temos que partilhar e partilhar para que se espalhe e se torne significativo para outras pessoas.

Este ano, um dos temas que mereceu a nossa reflexão foi a “Qualidade no Jardim de Infância”. Esta qualidade, que todos desejam alcançar na sua prática, tem alguns princípios e vou falar-vos do que diz que a qualidade está relacionada com um processo de ensino aprendizagem onde se realiza a partilha de poder entre as educadoras e as crianças (está em causa a vivência da democracia no interior da pedagogia);

Esta partilha de poder, a democracia, não basta dizer, tem que se viver. E como? Uma das formas das educadoras praticarem a democracia é recorrerem ao voto quando é necessário decidir alguma coisa com o seu grupo (eu também já o fiz). Pensam, claro, estar a praticar a democracia uma vez que é isso que a sociedade faz. E estão. Mas será que é esta a democracia que queremos para as nossas salas? Esta é uma democracia representativa, em que as maiorias é que contam e ganham. E é isso que queremos? Com as leituras que fiz este ano percebi que nas nossas salas devemos usar outro tipo de democracia, a participativa. E como é? Qual a diferença? Esta prática procura consensos entre as opiniões, os argumentos e ideias divergentes, promove o debate, as cedências, a conjugação de pontos de vista e no final todos são ouvidos e as decisões são do grupo e não de uma maioria em prol de uma minoria. E este direito a ser ouvido não deve ser apenas uma prática da sala, da escola, mas sim uma prática da vida pois é um direito que está em conformidade com a Convenção dos Direitos da Criança. O artigo 12 e 13 diz muito claramente que:

Artigo 12 - A criança tem direito a formular os seus próprios pontos de vista, o direito de expressar suas opiniões livremente sobre todos os assuntos relacionados a ela, e tais opiniões devem ser consideradas, em função da idade e da maturidade da criança.

Artigo 13 - A criança deve ter o direito de expressar-se livremente. Esse direito deve incluir a liberdade de procurar, receber e divulgar informações e ideias de todo tipo, independentemente de fronteiras, seja verbalmente, por escrito ou por meio impresso, por meio das artes ou por qualquer outro meio escolhido pela criança.

Quando partilhei estes factos com este grupo a Ana Azevedo acrescentou ainda mais um ponto importante à minha reflexão. E aqui é que está a riqueza da partilha. Quando promovemos a democracia representativa, ou seja, o voto, estamos a passar às nossas crianças que a maioria é que vence e as minorias não são tidas em conta. Se querem ganhar têm que fazer parte da maioria. Penso que não será isto que queremos transmitir às nossas crianças, eu não quero, o que queremos é precisamente o contrário, todos têm o direito a ser ouvidos.

Quando noutro grupo fiz esta partilha, uma colega, na sessão seguinte disse-me: Paula, explica outra vez aquilo da democracia, quis explicar às minhas colegas e não consegui. E eu expliquei e pensei (como no anúncio da NOS): “Está a acontecer” está a espalhar-se.

A partilha de saberes, de dificuldades, de sucessos, de tudo o que considerarmos pertinente, seja com colegas, com as famílias e com a comunidade envolvente é das práticas mais importantes para o mundo andar para a frente. Escolhi esta porque foi importante para mim.


E assim espero continuar a espalhar mais e mais a ideia de que se tem que 

DAR VOZ ÀS CRIANÇAS


Protejam-se 

💓💓💓💓💓 

 



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