E o ano continua...
No inicio do ano colocamos junto de cada área um cartão que a identifica. Duas crianças de cada vez, uma "crescida" e uma "nova" (as crianças que entraram este ano para o grupo) vão de área em área pôr o cartão.
No final do ano passado a minha instituição "O Botãozinho" começou a abrir as portas de novo a atividades vindas do exterior como teatros. Este ano iniciamos o ano com uma atividade dinamizada pela associação "A Par" que se chama "Contos e contas" e que junta histórias com conceitos matemáticos.
Com este circulo fizemos desenhos que, alguns, no final pareciam mandalas |
Para finalizar, quero partilhar convosco o pequeno texto que escrevi para uma apresentação no âmbito da plataforma "Educar melhor em Cascais" que reúne algumas das instituições e pessoal docente de Cascais. Durante 2 anos fiz parte de um grupo de partilha de práticas, com educadoras e a nossa orientadora Ana Azevedo. O ano passado foi decidido realizar uma brochura onde apresentássemos este trabalho de 2 anos e este evento aconteceu para fazermos a apresentação da brochura "Práticas de Qualidade em Educação de Infância"
Grupo de
partilhas de práticas
Sou a Paula
Cunha, educadora numa IPSS, o Botãozinho e trabalho no pré-escolar com crianças
de 3, 4 e 5 anos.
Nestes 5 minutos que me deram quero fazer o que fiz nestes 2
anos de participação neste grupo – Partilhar. E o que vou partilhar está
relacionado com as reflexões que fomos fazendo e com aquilo que vamos
acrescentando a nós próprios, ao nosso conhecimento. E só conseguimos
acrescentar quando é alguma coisa significativa. Nós ouvimos muita coisa, lemos
outro tanto e não conseguimos (nem é suposto) assimilar tudo. Então aquilo que
fica, no final, é mesmo o mais importante e é isso que temos que partilhar e partilhar
para que se espalhe e se torne significativo para outras pessoas.
Este ano, um dos temas que mereceu a nossa reflexão foi a
“Qualidade no Jardim de Infância”. Esta qualidade, que todos desejam alcançar
na sua prática, tem alguns princípios e vou falar-vos do que diz que a
qualidade está relacionada com um processo de ensino aprendizagem onde se realiza a partilha
de poder entre as educadoras e as crianças (está em causa a vivência da
democracia no interior da pedagogia);
Esta partilha de poder, a democracia, não basta dizer, tem
que se viver. E como? Uma das formas das educadoras praticarem a democracia é
recorrerem ao voto quando é necessário decidir alguma coisa com o seu grupo (eu
também já o fiz). Pensam, claro, estar a praticar a democracia uma vez que é
isso que a sociedade faz. E estão. Mas será que é esta a democracia que
queremos para as nossas salas? Esta é uma democracia representativa, em que as
maiorias é que contam e ganham. E é isso que queremos? Com as leituras que fiz
este ano percebi que nas nossas salas devemos usar outro tipo de democracia, a
participativa. E como é? Qual a diferença? Esta prática procura consensos entre
as opiniões, os argumentos e ideias divergentes, promove o debate, as
cedências, a conjugação de pontos de vista e no final todos são ouvidos e as
decisões são do grupo e não de uma maioria em prol de uma minoria. E este
direito a ser ouvido não deve ser apenas uma prática da sala, da escola, mas
sim uma prática da vida pois é um direito que está em conformidade com a Convenção
dos Direitos da Criança. O artigo 12 e 13 diz muito claramente que:
Artigo
12 - A criança tem direito a formular os seus próprios pontos de vista, o direito de expressar suas
opiniões livremente sobre todos os assuntos relacionados a ela, e tais opiniões
devem ser consideradas, em função da idade e da maturidade da criança.
Artigo
13 - A criança deve ter o direito de expressar-se livremente. Esse direito deve
incluir a liberdade de procurar, receber e divulgar informações e ideias de
todo tipo, independentemente de fronteiras, seja verbalmente, por escrito ou
por meio impresso, por meio das artes ou por qualquer outro meio escolhido pela
criança.
Quando partilhei estes factos com este grupo a Ana Azevedo
acrescentou ainda mais um ponto importante à minha reflexão. E aqui é que está
a riqueza da partilha. Quando promovemos a democracia representativa, ou seja,
o voto, estamos a passar às nossas crianças que a maioria é que vence e as
minorias não são tidas em conta. Se querem ganhar têm que fazer parte da
maioria. Penso que não será isto que queremos transmitir às nossas crianças, eu
não quero, o que queremos é precisamente o contrário, todos têm o direito a ser
ouvidos.
Quando noutro grupo fiz esta partilha, uma colega, na sessão
seguinte disse-me: Paula, explica outra vez aquilo da democracia, quis explicar
às minhas colegas e não consegui. E eu expliquei e pensei (como no anúncio da
NOS): “Está a acontecer” está a espalhar-se.
A partilha de saberes, de dificuldades, de sucessos, de tudo
o que considerarmos pertinente, seja com colegas, com as famílias e com a
comunidade envolvente é das práticas mais importantes para o mundo andar para a
frente. Escolhi esta porque foi importante para mim.
E assim espero continuar a espalhar mais e mais a ideia de que se tem que
DAR VOZ ÀS CRIANÇAS
Protejam-se
💓💓💓💓💓